Speedy Vantagens, da Telefônica, e minha breve participação no Google Codejam

Como estava curiosíssimo com o assunto, resolvi participar do Google Codejam Latinamerica. O round de qualificação foi muito divertido. Participando por hobby, não tive tempo de me preparar, sequer de ler o regulamento, o que me fez perder um problema inteiro por um detalhe boboca. Apesar disso, me classifiquei para o segundo round na posição 218. Desse round 250 avançam para o próximo, por isso, vendo minha posição, fiquei ainda mais animado para participar.

Diferente da rodada de qualificação, a de hoje aconteceu com hora marcada. Das 20h às 21h. Cheguei em casa às 19h30, depois de muita correria para chegar a tempo. Estou ministrando um treinamento de dia inteiro numa cidade próxima. Liguei o computador e tentei conectar. Nada.

Luzes do modem acesas, access point funcionando, cabos conferidos. Acessei a telinha de administração do access point e vi que ele havia se conectado via PPPoE normalmente. Tinha obtido um IP e um gateway, e os endereços de DNS. Tentei pingar o gateway. Pingou. Tentei pingar o DNS. Nada. Não era preciso ser nenhum gênio do TCP/IP para perceber que o problema era na Telefônica.

Liguei para o suporte da Telefônica. Disquei o DDD e o número de telefone, disquei o CPF, disquei as opções do menu e esperei. Quase dez minutos. Me atendeu uma mocinha, perguntou o meu nome, em seguida no que podia ajudar. Disse que me conectava via PPPoE, obtinha um IP, conseguia pingar o gateway mas não conseguia pingar mais nada além do Gateway.

– O senhor quer dizer que não consegue navegar no Speedy? – me perguntou ela, deixando claro que não tinha entendido nada desse papo de PPPoE e Gateway.

– Exato.

Ela me perguntou o modelo do meu modem, em seguida a versão do meu Windows.

– Eu não tenho Windows.

– E que sistema o senhor usa para conectar ao Speedy?

Linux.

Eu não saberia descrever o que acontece depois dessa resposta. Aquela mini-eternidade de silêncio, aquele clima de “Houston, we have a problem.” Você quase consegue sentir os dedos trêmulos da atendente revirando suas anotações, tentando entender porque nunca viu aquela pergunta em seus roteiros.

– Um momento senhor, eu vou verificar. – Uma coisa há de se elogiar no suporte da Telefônica, eles não colocam dois gerúndios por sentença. “Estar verificando” é a última coisa que eu gostaria de ouvir nesse momento. 😉

Musiquinha de fundo. Alguns minutos depois a moça volta para informar que conversou com o pessoal do suporte técnico e foi informada de que o Speedy não tem suporte para Linux. Passei mais de cinco minutos tentando explicar que o problema não era o meu Linux, que eu tinha certeza disso, que o problema era na Telefônica. Dizer que contratei um serviço que não está funcionando, pelo qual eu pago todo mês, e que eu não quero suporte para meu sistema operacional, que quero apenas a conexão pela qual pago, não fez diferença nenhuma.

Ao final dos cinco minutos ganho um outro “vou verificar”, seguido de dois minutos de musiquinha e propaganda, e sinal de ocupado. Gosto de pensar que a atendente da Telefônica não desligou na minha cara, mas que eles tiveram um problema com o sistema de atendimento deles e a linha caiu.

Fiz mais duas tentativas em seguida. A mesma história. Pelo menos dez minutos tentando convencer o atendente a me deixar falar com alguém capaz de entender minimamente o que estou dizendo, seguido de um “vou verificar”, alguns minutos de musiquinha e propaganda, e sinal de ocupado.

Antes de contar minha última tentativa, convém lembrar do momento mágico, quando o atendente ouve a palavra “Linux”. As reações são as mais diversas, mas raramente positivas. Um dos atendentes me respondeu:

– Ah, senhor, o Speedy não é compatível com Linux. Não funciona.

– Mas eu me conecto no Linux há mais de cinco anos nesse mesmo Speedy.

(Cinco segundos de silêncio.)

– Senhor, o software de instalação do Speedy não funciona no Linux.

Outro chegou a me sugerir reinstalar o Linux. Quando eu tentei explicar que a idéia é absurda, ele me disse que, uma vez que o Speedy não oferece suporte a Linux, eu poderia solicitar a visita de um técnico, mas o técnico teria de qualquer maneira que reinstalar meu Linux!!!

Na quarta ligação, depois de mais de quarenta minutos ao telefone, resolvi tentar uma abordagem diferente. Me atendeu um tal de Marcos, sujeito simpático. Expliquei como estava me sentindo com o atendimento. Expliquei que já havia ligado três vezes, que me mandaram esperar e a linha caía. Deixei bem claro que estava insatisfeito e desanimado. Quase implorei ajuda.

Depois de escutar minha história toda, ele fez as perguntas do roteiro. Quando ouviu “Linux”, aquele mesmo silêncio. Oh-oh!

Mais dez minutos de papo, tentando explicar para o moço que, embora a Telefônica não pudesse me ajudar com meu Linux, não pode se recusar a pelo menos me atender. A mesma conversa dos outros e, ao final da conversa, o mesmo “vou verificar”. Quase desliguei quando começou a musiquinha insuportável das propagandas do Instituto Telefônica. Mas, para minha surpresa, menos de um minuto depois o Marcos voltou! E havia uma outra pessoa na linha. O Marcos o apresentou, Luciano, do suporte avançado (ou algo parecido.)

O Luciano ouviu minha conversa e pareceu entender o que eu dizia! Aleluia! Ele me pediu alguns segundos para fazer um teste na linha, em seguida perguntou sobre as luzes do meu modem. Pediu mais alguns momentos e digitou uma porção de coisas em seu teclado.

– Senhor, a Telefônica está fazendo uma manutenção em sua região para o aumento da segurança dos usuários. O serviço foi iniciado às 19h20, e a previsão é que seja terminado em três horas, ou seja, perto das 22h20.

Agradeci ao Luciano, desliguei e esperei. Porque não me deixaram falar com ele, ou com alguém que pudesse pelo menos entender o meu problema, logo de cara? Porque tenho que gastar cinqüenta minutos ao telefone para encontrar alguém cuja resposta não fosse: “seu sistema operacional é feio e nós não queremos nem falar com você”?

Outra coisa que me deixa com a pulga atrás da orelha é o fato de eles realizarem uma manutenção programada e os clientes não serem avisados. Um e-mail ou telefonema teria resolvido o problema todo, e eu teria participado do Codejam no escritório.

Ah, que inveja do Janio! E lá se foi o Codejam…

Elcio: Elcio é sócio fundador da Visie Padrões Web. Pioneiro no uso e divulgação dos padrões do W3C no Brasil, Elcio já treinou equipes de dezenas de empresas como Globo.com, Terra, Petrobras, iG e Locaweb. Além disso, tem dirigido as equipes da Visie no desenvolvimento de projetos web para marcas como Brastemp, Itaú Unibanco, Johnson & Johnson e Rede Globo.

View Comments (32)

  • Voce só sente saudades do Jânio,eu queria a volta(claro q morreu)éra do Gal. João Batista de Figueiredo,o Prendo e arrebento.Ou alguem macho igual ao Evo Morales e fazer com a telefonica o que fez com a Petrobra.

  • Paulo,

    Pode parecer esquisito, mas eu tento viver sem mentir, mesmo que seja uma mentirinha pequenininha para enganar o suporte da Telefonica.

  • Post meio antigo mas ta valendo ! hahaha
    Nessas horas o melhor é mentir teu sistema operacional. As mensagens do Windows vc deve saber de cor mesmo! Qdo atendente for falando, vc finge que ta fazendo e fala que nao deu certo. Fala algo complexo, mas nunca, NUNCA, diga que seu OS é Linux. hahahahaha Eles te transfirirão pro Atendimento Avançado mais rapidamente!

    Cmg funciona! =P

  • Olha, isso é o fim.
    Quanto tenho problemas de conectividade prefiro a morte, pois fico nervoso e pior, não resolvo o problema, normalmente no outro dia volta a funcionar.

    O pior foi um cliente que comprou um notebook da Positivo com Linux, como já esperado ele não tinha a senha do root e eu troquei o Mandriva pelo Ubuntu.

    Configurei tudo e deixei redondinho, quando ele foi para sua casa não conseguiu conectar e a Telefonica não deu suporte por ser Linux (usuário não tem argumento).

    Resumo da obra, o cliente vai colocar um Windows pirata :-(

  • "...colocar gvt, ver se o pessoal trata bem tdo mundo, ou soh gostaram mesmo do janio".

    Já fui cliente BrTelecom (Porto Alegre, Pelotas), Telemar (RJ), e sou cliente Speedy (Campos do Jordão, recente) e GVT (Porto Alegre, continuo) e vou cair nas mãos da BrTelecom em Floripa.

    Não, não é só do Jânio que a GVT gosta não. É a única companhia telefônica e o único serviço de banda larga, dentre os que já usei, que elogio de boca cheia. Pena que as áreas de cobertura do serviço GVT ainda sejam escassas- em Porto Alegre, esperei quase dois anos pra ver a GVT chegar na minha quadra, e comecei usando webline pra me ver livre da BrT - e parece que a GVT nem faz questão de uma expansão muito grande. Perfeitos? Não. Mas quase!

    Um amigo meu sempre diz que "Um mundo melhor é possível" (lema do Fórum Social Mundial), e acrescenta: "Mas é mais caro!" A GVT mostra que nem sempre o melhor custa necessariamente mais!

  • Amigos, por uma questão de princípios, eu tento não mentir deliberadamente, mesmo "mentiras brancas". Mas é engraçado, às vezes a estupidez alheia, principalmente a estupidez empresarial, nos faz pensar se não seria melhor mentir. Parece aquela história sobre o homem que perde a aliança no "Mentiras que os Homens Contam".

    Prezado "Aff", ou eu não entendi seus comentários, ou você não entendeu meu post. Eu liguei para o suporte porque precisava de ajuda. Eu realmente não precisava de um atendente que soubesse Linux, precisava apenas de um que não se recusasse a me atender só porque eu uso Linux. Eu também não disse em lugar nenhum no post que Linux é melhor que Windows ou Mac OS, ou que eu sei mais do que os outros porque uso Linux.

    Por outro lado, o mínimo que se espera quando se liga para o suporte de um provedor de serviço ADSL é que a pessoa que te atende saiba minimamente como funciona uma conexão ADSL. Se a culpa é do atendente ou da Telefonica, não me importa. O que importa é que eu pago para ter conexão e achei que merecia um atendimento um pouquinho melhor.

  • Por diversas vezes já tive esse problema com o speedy Business, até que chega um momento que falo que uso windows e pronto... e tudo que eles falam para testar eu dou uma resposta negativa ... "Não funcionou ... !" , " Nada ... " até que uma hora eles passam da parte do questionário de primeiro nivel e encaminha a ligação para alguem que entende um pouquinho mais que o primeiro, até que chega alguém que entende minha "lingua" e pelos menos sabe o que é um gateway, sinal adsl, IP, ping, traceroute, etc...
    Speedy, mais um produto telefoZICA ....

  • Eu sou malandro de praia. Uso Ubuntu mas sempre digo:

    - Qual seu sistema operacional?

    - Windows.

    Essa eu já uso desde a época em que usava WinXP e recebia como resposta "o Velox não suporta WinXP, só Windows 98".

    Fala sério.

  • Passei por algo muito parecido com a velox+telemar, basta falar em linux e esperar por algo engraçado. Me perguntaram o quer era isso, se rodava sobre o Windows, etc.

    O que eu descobri é que é melhor dizer que tá no Windows mesmo, mas que o dns não responde, explicar o que acontece. Eles acabam te passando pra alguém mais especializado.

    O mais importante é pegar o número do "pessoal especializado". Quando eu conversei com o cara e falei que usava linux e do problema que eu tava, ele mesmo me passou o número de lá e disse que naquele tipo de caso eu telefonasse direto pra eles. (Embora eu acho que tenha perdido o número hehehe).

    Apesar de ser muito chato, o tempo perdido, você se diverte com as reações dos atendentes.