Olha que coisa interessante, a Marcelle Ramalho resolveu experimentar o Linux. Pelo texto, dá para perceber que ela é bem iniciante em informática, e sem nenhum contato com o Linux. Veja esse trecho:
Baixei o arquivo da internet e meu primeiro baque foi gravá-lo em CD. O arquivo é compactado e eu prontamente descompactei-o, pois me parece uma coisa lógica a se fazer. Nada como um arquivo descompactado, não é mesmo? Pelo visto não era tão lógico, já que ao falar para o meu “personal Linux teacher” o que tinha feito ele levou uns minutos para responder: “QUEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE?”
Sim, você entendeu, ela baixou um arquivo ISO e não sabia o que fazer com ele. Essa dúvida é muito comum. E antes de culpar a moça pela desinformação, lembre-se de que ela não tem obrigação nenhuma de saber e foi induzida ao erro pelo Windows, que mostrou o ISO com um comportamento e opções semelhantes ao de um arquivo ZIP, com o que ela já está familiarizada.
E o erro não acontece apenas no Windows. Veja, por exemplo, o que acontece aqui no meu Ubuntu quando eu clico com o botão direito em um arquivo ISO:
Por que o “Criador de CD/DVD” não é a primeira opção? É muito útil poder abrir um arquivo ISO no compactador e extrair arquivos de lá de dentro, mas quantas vezes você realmente usa isso? A esmagadora maioria das vezes que alguém tem um arquivo ISO, quer simplesmente gravá-lo em CD.
Resolvendo o problema no Ubuntu
Para resolver o problema de verdade, o pessoal do Ubuntu precisaria modificar a distro para que a ação padrão para arquivos ISO seja gravar em CD. Mas você pode fazer isso em seu sistema, de maneira que possa gravar arquivos ISO com um duplo clique. Para isso, clique com o botão direito em um arquivo ISO e escolha “Propriedades”. Na janelinha que vai se abrir, clique na aba “Abrir com” e escolha o “Criador de CD/DVD”. Assim:
Pronto, agora duplo clique em arquivos ISO vão abrir no gravador de CD.
Que venham os leigos
Entre os comentários no artigo da Marcelle, há algumas pessoas que fazem questão de deixar bem claro que ela deveria saber o que é um arquivo ISO, que isso é coisa básica e que ela não deveria tentar peripécias no computador sem primeiro estudar o assunto. Teve até um camarada que sugeriu que ela primeiro lesse o Guia Foca Linux. Essa idéia é um absurdo!
Eu aprecio muito o Guia Foca Linux. Aprendi muita coisa com ele. Mas, definitivamente, não é para qualquer um. Dê uma olhada, por exemplo, na versão para iniciantes. São dezesseis capítulos, ensinando coisas como editar o fstab e gravar os dados do cache RAM em disco editar o .bash_profile dentro do /etc/skel e configurar o iptables para filtrar pacotes pelo mac address, tudo pela linha de comando. Ora, a pessoa só quer acessar a web, editar documentos, assistir DVDs e ouvir música, não é pedir demais querer que ela leia isso tudo primeiro?
Vamos deixar as coisas bem claras: eu e você lemos o manual de cada um de nossos aparelhos, muitas vezes antes de ligar e tentar usar. Nós sabemos ligar o closed caption da TV, programar as memórias do telefone e desligar o flash da câmera digital. Nós somos nerds. A esmagadora maiora das pessoas não lê os manuais, e é muito feliz assim!
Se você quer reclamar das pessoas que não lêem o manual, vá em frente. Vai gastar um bocado de tempo e energia para nada. Nossa obrigação, como nerds espertos, é desenvolver sistemas tão fáceis que pessoas que não lêem o manual consigam usar.
UPDATE: Conforme o Hudson apontou, eu tinha feito conversão entre as versões do Foca. Corrigido. Obrigado, Hudson!
ela precisa é de um curso de informatica básica!
Bem… fato: não manjo nada de Linux… vai dizer… não é um defeito assim tãããããão grande… 😀
na verdade não estou comentando em relação ao post, e sim em relação ao site.
Fiquei fã. Mais um pro reader…
Abraços…
A ta certo agora entendi =]
foi mal
então esse é um dos grandes problemas de pessoas de usuarios comuns terem “medo” de adotar o linux , existe varios tutorias , artigos , ensinando de tudo para quem já tem um bom conhecimento de informatica que não tem medo de digitar comandos as vezes para nos muito simples , mais para usuarios “msn , orkut , media player” seja mais dificil , pedi pra ele entrar no console e digitar qualquer coisa que seja , não é???
abraços desculpa qualquer coisa ai
=]
Certo. Entendo sua colocação…
Melhor dizer então que sistemas fáceis de usar, na verdade, seriam sistemas mais amigáveis, naturais e *informativos*, possivelmente se adaptando ao nível de conhecimento prévio do seu usuário?
Assim, se dependeria menos da experiência pessoal…
Eu vivo pensando nessas coisas… tento entender a mente dos usuários… mas parece tão complicado… ou seriam os sistemas? 🙂
Dharis,
Obrigado por participar. O sistema operacional é do jeito que nós o construímos. Quem deveria mandar é o ser humano. Existem diversos formatos de arquivo diferentes para uma mesma tarefa porque nós, a humanidade, fizemos assim.
Algumas sugestões do que poderia ser diferente, cada uma com seus prós e contras, são apenas idéias:
Quanto ao fato de que “tudo vai depender dos paradigmas e das experiências pessoais de cada um”, não é bem assim. Se 90% das pessoas acham que determinado programa é fácil de usar, e apenas 40% acham seu concorrente fácil de usar, então o programa é fácil de usar. Ele vai ser preferido em relação ao concorrente, vai ocasionar menos chamadas ao suporte e vai fazer mais pessoas felizes, mesmo que 10% das pessoas o odeiem.
Certamente o ponto aqui não é ler o manual. E sim, entender o que é um arquivo ISO e entender sobre associação de arquivos a programas instalados… Isso você pode aprender no Windows, Linux, etc, sem ler manual.
Quantas vezes uma associação de um programa recém instalado no Windows mesmo pode também ter causado dor de cabeça, já que o arquivo X agora não “abre” mais direito.
Então sistemas fáceis de usar é sempre relativo… tudo vai depender dos paradigmas e das experiências pessoais de cada um.
Murilo,
É exatamente esse o ponto. Eu sou o público do Foca. E adoro.
Não estou criticando o Guia Foca Linux, estou criticando o rapaz que sugeriu que a moça que está começando com Linux agora o lesse antes de usar o sistema.
“Eu aprecio muito o Guia Foca Linux. Aprendi muita coisa com ele. Mas, definitivamente, não é para qualquer um. Dê uma olhada, por exemplo, na versão para iniciantes. São dezesseis capítulos, ensinando coisas como editar o fstab e gravar os dados do cache RAM em disco editar o .bash_profile dentro do /etc/skel e configurar o iptables para filtrar pacotes pelo mac address, tudo pela linha de comando. Ora, a pessoa só quer acessar a web, editar documentos, assistir DVDs e ouvir música, não é pedir demais querer que ela leia isso tudo primeiro?”
Acho que o publico do Guia Foca não é esse que vc citou , esse são os usuarios do kurumin , ubuntu..
simplesmente perfeito esse post, existe muita gente no nosso meio com o pensamento na década passada achando que o usuário lê manuais, e que se o sistema dele não é fácil é culpa do usuário, a verdade é uma apenas, se seu usuário se perde no sistema, vc errou, ponto.
Valeu, Peka, consertei. Quanto ao manual, é como o teste do HIV. Se você lê o manual, é nerd. Se não lê, existe a chance de que não seja.
O fato de eu quase nunca ler o manual exclui toda a possibilidade de eu ser nerd?! Cool… Suspeitei desde o princípio…
(“Familiarizada”, só pra ser chato. 😉 )
Muito bom Elcio, é isso q tento explicar ‘pra uns’ camaradas mews e eles n conseguem entender. Ao menos agora posso direcioná-los pra cá.
Acho que houve um pequeno equivoco quanto a informação de que o guia foca linux iniciante ensina “a editar o .bash_profile dentro do /etc/skel e configurar o iptables para filtrar pacotes pelo mac address”, pois como as próprias urls publicadas no post provam, essas lições são deixadas para o guia foca linux avançado.
Abraço